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26 de Abril de 2024
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    Associados prestam homenagem à Dra. Alice Monteiro de Barros

    Professor Antônio Álvares da Silva Desembargador aposentado

    ADEUS A ALICE

    Perdemos Alice. Colega, amiga, parceira intelectual. Formou uma geração de discípulos e juristas. Personificava uma das colunas da chamada Escola Mineira de Direito do Trabalho. Como o Prof. Washington Albino, ela não foi apenas uma jurista, foi uma escola e um exemplo.

    No trato era inexcedível. Vibrava com as teorias quentes de vida que tornam o Direito do Trabalho não só uma página dos códigos, mas um episódio da realidade. Seu Curso de Direito do Trabalho era tudo isto: ciência, vida, correção e doutrina. Lê-lo e citar as ideias ali compendiadas é uma das alegrias de minha vida intelectual.

    Na Faculdade de Direito, era conhecida pela pontualidade, correção e brilhantismo nas aulas. Era uma professora nata: amava os alunos e tinha deles o amor recíproco. Muitos vinham de outras faculdades para assistir a suas aulas. Alguns colegas do interior deixavam por algum tipo suas atividades docentes para aprenderem com ela um Direito do Trabalho vivo, dinâmico próximo da realidade sem perder a dignidade da teoria.

    Na magistratura, primava pela correção e sabedoria de suas sentenças. De honestidade intocável, era um exemplo neste mundo de corrupção e desacertos em que se transformou nosso país.

    A doença que lhe tirou a vida foi insidiosa e cruel. Provocou-lhe um sofrimento que não merecia, incompatível com sua bondade. Visitei-a com frequência nos últimos dias. Por telefone e por presença. Já não falava mais.

    Articulava apenas algumas palavras, para certas pessoas que talvez reconhecesse num momento raro de lucidez. Era difícil compreender aquela cena que a ciência com sua técnica e os amigos com seu carinho não podiam debelar ou evitar.

    Na última vez por telefone, ainda na semana passada, fui informado da piora do quadro, o uso permanente de oxigênio e a debilitação geral que agora chega ao fim.

    O ser humano é incompleto. Foi feito por células já programadas para o morte. Neste ponto, somos todos iguais. Mas Alice era diferente. Nos limites da imperfeição era perfeita. Soube conciliar como poucos a prática do tribunal com a lição das aulas. E tudo isto emoldurado numa permanente bondade e grandeza de coração. Foi juíza e professora tão distinguida que se torna difícil saber em qual dessas atividades mais se distinguiu.

    O consolo que temos é que a morte, que a tudo destrói, não destruirá Alice. Era ficará entre nós eternamente pelo que fez. Será exemplo, distinção e reverência por todos os seus colegas, alunos e servidores da nossa Justiça.

    Lembro-me das palavras históricas de Sócrates aos juízes que o condenaram à morte: Podeis ficar esperançados ante a perspectiva da morte e firmar no espírito a certeza de que, para o homem de bem, nenhum mal pode acontecer nem na vida nem na morte e que os deuses não se descuidam de seu destino.

    Os deuses cuidarão do destino de Alice na outra vida, da qual nada conhecemos. E aqui faremos também a nossa parte, vivendo seu exemplo legado e guardando para sempre sua memória em nossos corações.

    Professor Márcio Túlio Viana Desembargador aposentado

    Um a um, preguiçosamente, os dias vão se passar, outono e depois inverno, primavera e depois verão, manhãs de chuva e sol quente, tardes de vento ou de frio, mas a nossa Alice estará ali, nas páginas de seus livros, nas saudades de seus alunos, nas pequenas e tantas memórias de todos nós que a conhecemos, amamos e admiramos.

    Juíza Ângela Castilho Rogedo Ribeiro Vice-Presidente da Amatra3 na gestão 2011/2013.

    Desde que conheci a Professora Alice Monteiro de Barros, quando ainda era estudante na Faculdade de Direito da UFMG, tive a certeza de que queria ser Juíza do Trabalho. A Professora Alice inspirou-me, como fez com muitas outras alunas ao longo de décadas. Tive também a honra de ser sua assistente e assim pude testemunhar sua intensa dedicação ao magistério e ao Tribunal, sua capacidade de trabalho, seu compromisso com a ética e a verdade. Equilibrada no decidir. Incansável estudiosa do Direito do Trabalho. Ela também foi forte na luta pela vida. Foi brava. Guerreira! Parte Alice Monteiro de Barros, deixando um extenso grupo de admiradores: ex-alunos, colegas de trabalho, advogados, juristas. Vai com Deus! Descanse em paz!

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    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/associados-prestam-homenagem-a-dra-alice-monteiro-de-barros/116524425

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    Deuses!!! Deus é um só. continuar lendo